Há uma palavra que deixa José Sócrates muito irritado. É a VERDADE. Já tinha percebido há muito tempo que ele e a verdade andavam de costas voltadas, mas não lhe conhecia tamanho ódio. A verdade é que José Sócrates pouca verdade diz da boca para fora, ou não é verdade? É verdade sim, senhores.
Obviamente não vou falar das promessas eleitorais feitas em 2005 e que ele não cumpriu; obviamente não vou falar do caso da sua licenciatura que ele nunca soube – nem quis! – explicar; nem tão-pouco falarei do caso “freeport” que tanto o irrita, porque não passa de uma campanha negra, mas à qual ele também não é capaz de se esquivar.
A verdade que José Sócrates se recusa a admitir é, na verdade, a seriedade da oposição. Em boa verdade, seria seriedade a mais para a ferrugenta furgoneta do senhor primeiro-ministro. Para alguém tão pouco habituado a dizer verdades seria um exercício de extrema complexidade. O senhor-verdade… Perdão. O senhor primeiro-ministro andou este tempo todo a acusar a oposição – toda a oposição – de ser pouco séria nas suas criticas e nas suas propostas para o país. Agora, por variadíssimas vezes, tem vindo criticar o PPD/PSD por se assumir como um partido de verdade. Aquilo que me faz confusão, pessoalmente, é a falta de verdade que o sujeito demonstra ao criticar o PPD/PSD por ser verdadeiro. Porque na verdade o que o senhor José Sócrates quer criticar é a incisão cotovelar que a imagem que a dra. Manuela Ferreira Leite pode vender lhe provoca.
É que ao contrário de José Sócrates, Manuela Ferreira Leite foi a melhor aluna do seu curso, foi a melhor aluna do ano em que terminou a licenciatura, acabou-a com média de 16 valores, exerceu docência, foi economista do Banco de Portugal, Secretária de Estado, Ministra e foi sempre, sempre, sempre – sempre! – conhecida por competência e seriedade. Não se lhe aponta um escândalo, um episódio. Esta é a verdade que incomoda José Sócrates. Na verdade não suporta que alguém seja verdadeiramente verdadeiro, porque ao sê-lo estariam a ter mais VERDADE que ele mesmo. E na verdade José Sócrates não suportaria tal coisa. Não é verdade?
Post scriptum: usei 23 vezes a palavra verdade e palavras derivadas propositadamente.