Quarta-feira, 21 de Março de 2007

Sempre Algarve!

O senhor Ministro da Economia pauta por uma conduta irrepreensível. É um homem cheio de ideias – há quem o considere até o maior idiota deste país –, quer quando promove a mão-de-obra portuguesa congratulando-se por esta ser barata, quer quando promove o que é nosso à custa de alterações do nosso património. Habituei-me a um governo «moderno» – sobe-se os impostos – é moderno; o primeiro-ministro diz a um jornal internacional que não gosta de fado – é moderno; o ministro da Obras Públicas diz que é Iberista – é moderno; liberaliza-se o aborto – é moderno e promove-se uma região com um nome de 800 anos alterando-se-lhe o nome – é moderno.

 

Senhor Ministro. Eu sou orgulhosamente português. Quando o Senhor meu Professor Primário, na minha segunda classe, contou que D. Afonso I aos 14 anos montou num cavalo chamou as «suas» tropas e, de peito aberto, bateu o pé à Senhora sua mãe, e a derrotou em S. Mamede naquele dia de 24 de Junho de 1128 para parir «Portugal» quase chorei de tanto orgulho. Senhor Ministro lembra-se de Aljubarrota? Que povo danado este português! Somos, sem margem de dúvida um povo de conquistas. Sem nós o mundo poderia ter o mesmo tamanho – facto! – mas o quão diferente seria é inimaginável. Demos uma forma ao mundo. Nós (!) portugueses. Mandamos em meio mundo até há cerca de trinta anos – fomos influentes. E hoje o que temos é uma cambada de modernaços no governo, que se declaram Iberistas, que se congratulam com os baixos salários portugueses e que mudam o nome ao antigo «al-Gharb» mouro, e que posteriormente D. Afonso III, em 1249, chamou de Algarve tornando-o definitivamente português! E não é o senhor que fará com que os portugueses se curvem.

 

Caro Senhor Ministro. Se o meu país precisa de mudar uma vírgula para ser apreciado pelos turistas eu digo-lhe – que se danem os turistas. Sabe de onde sou? Sou da Cidade do Porto – da Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto – a velhinha cidade do Porto. Acha que a minha cidade precisaria de se chamar «Oporto» – mesmo que fosse «só» na porcaria de uma campanhazita publicitária, ou mesmo que fosse a brincar! – para que os turistas gostem dela? Claro que não. Vejo-os cá todos os anos, durante todo o ano a visitar as belíssimas igrejas desta cidade. Sabe que cá guardamos o coração do Rei D. Pedro IV? (Sabe que as gentes do Porto se puseram do lado das Suas tropas e deram o sangue (!) pela causa Liberal, e que por isso Aquele Rei quis deixar em testamento o seu coração à minha cidade? Hoje guardámo-lo na Santa Igreja da Ordem da Lapa). Vejo todos os anos os turistas deleitados com o Nosso vinho do Porto; deleitados com aquele casario velhinho a cair de podre que tanto criticamos e gostaríamos de ver renovado, mas que para os turistas tem toda a graça mesmo assim. Acha que para que este Porto ganhe interesse para os turistas precisamos de publicitá-lo como «Oporto»? Ai de si! Se toca no nome da Minha Cidade, do meu querido Porto talvez seja o seu coração que passe a repousar nas portas da cidade – depois de lhe ter sido arrancado pela goela pelas minhas próprias mãos – sob a inscrição «Aqui-está-o-que-resta-daquele-que-um-dia-pensou-em-alterar-o-nome-da-minha-cidade-mesmo-tendo-sido-só-para-uma-campanha-publicitária». E sabe porquê – isto é questão de educação – porque desde sempre a Senhora Minha Mãe me ensinou que eu devia fazer com que os outros gostassem de mim assim, como sou e pelo que sou, porque se deixasse de ser assim, isto é, se alterasse uma vírgula daquilo que sou só com o propósito de satisfazer os outros perderia toda a personalidade, estaria a curvar-me perante os outros e a dizer «sim-não-sou-realmente-tão-bom-para-que-gosteis-de-mim-por-isso-mudarei-e-terei-a-feição-que-quereis» acha que é isso que promove o Algarve?

 

Senhor Ministro. O Algarve é, sem sombra de dúvida, a região portuguesa que mais pontos marca no que respeita ao turismo. É aquela que mais cresce. E vem crescendo talvez há cerca de 50 anos. Durante o ano de 2006 foram anunciados muitos investimentos como o do Senhor Sander van Gelder que vai gastar 750 milhões de euros a construir uma ilha artificial em frente a outro empreendimento turístico – o de Vale do Lobo – e acha que para isso pesou alguma coisa o facto do Algarve ser ou não americanizado? Acha? Claro que não. Dane-se!

 

O Senhor Ministro é tão bom ministro como eu sou bailarino – o mesmo será dizer que parece um elefante numa loja de cristais. Mas não acho que seja um ministro a demitir do governo. Não acho, sabe porquê? Porque num governo em que o Primeiro-Ministro compactua com ministros Iberistas-convictos, com ministros que partem cadeiras nos hospitais (Correia de Campos), com outros que influenciam o noticiário da RTP, com uma ministra da educação que de tão boa tem a cabeça a prémio entre os professores e alunos (e funcionários?), com um ministro da segurança social que assegura que esta vai falir, mas quer que continue tal como está – bem Senhor Ministro – num governo assim o senhor encaixa que nem uma luva.

Mood:: Muito, muito irritado

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