Amigos Leitores
Depois de um hiato político-social característico de anos sem eleições (e se calhar sem representatividade política), volta à carga toda a parafernália eleitoralista com tempos de grande discussão.
Na verdade, é curioso verificar que nestes últimos anos, à excepção das manobras parlamentares anti-governo de todos os partidos (menos o PS), a política partidária Portuguesa teve um abrandamento de discussão que foi extremamente demarcado e que resultou numa grande infelicidade: os parcos incentivos ao debate político fulcral levaram a que uma maioria absoluta de um governo psêudo-socialista diminuísse uns metafísicos índices de democracia em Portugal.
O que verificamos, de grandes movimentações políticas, à excepção dos habituais comícios e outras patranhas partidárias, foram as movimentações de massa crítica que o Bloco de Esquerda teve na sua Marcha pelo Emprego, a manifestação por parte da CDU em Lisboa e outros poucos episódios políticos de menor dimensão.
Toda a política portuguesa ficou completamente reduzida a uma constante (e pequena) crítica das "governamentações" de José Sócrates e às batalhas de candidatos fantasmas que foram eleitos quase com mandato de término em 2009, no qual os partidos voltariam à carga com todas as armas.
E foi exactamente isso o que aconteceu: 2009 abriu-se com um pequenino (mas no entanto importante) debate sobre as futuras Autárquicas e com o periscópio político com a mira para as Europeias. Infelizmente verificamos, no entanto, que todas estas vontades políticas de "Não Brincar" ou de ser como um todo "Nós, Europeus" estão permanente assombradas pela sempre constante e mui antiga nuvem partidária das Legislativas.
Portugal, um país em que todos conhecemos e sabemos que de democrático nos últimos 30 anos teve uma aproximação àquilo que era a média dos anteriores 40, vê hoje uma agenda política de vitória legislativa a defraudar completamente todo o discurso e debate político das Europeias.
Eu sou um grande fã dos media, pelos melhores e pelos piores motivos, e aquilo que temos observado neste período de campanha são quase todos os partidos a fazerem uma campanha com base na crítica fácil de um governo de maioria absoluta sobre a sua autoridade nas medidas domésticas. Ora onde está o debate sobre o federalismo europeu? Onde está o debate sobre o muito importante pacote da comunicação que, caso sejam levadas avante algumas das medidas de certos grupos poderão impedir o próprio acesso da internet aos vossos caros autores deste blog?
E falando deste e doutros assuntos podemos referenciar, toda a questão das políticas do BCE em relação à crise, bem como toda a questão de incentivos de recuperação económica de uma Europa unida contra à crise, ou até a fulcral questão da própria metodologia de combate à crise por uma Europa de incentivos estatais ou de soberania reguladora? E Tratados de Lisboa, o balanço do Processo de Bolonha e outros tantos?
Nunca na vida vi umas eleições nas quais estivesse tão atento a todas as notícias sem conseguir extrair as opiniões políticas desses candidatos sobre os temas a que os cargos a que se candidatam, versam. Assim, apenas podemos chorar e gritar por uma campanha que não conte apenas com os ataques às forças governamentais (tenham ou não tenham razão) e que se foquem mais nos debates dos tópicos europeus, numa altura em que a Europa tanto precisa de nós como cidadãos.