Eu costumava equiparar dois partidos como extremamente parecidos, um pouco na base eleitoral, mas primariamente por terem sido criados sensivelmente ao mesmo tempo e de, nas europeias terem tido também resultados semelhantes à escala do esforço de primeira candidatura.
O Movimento Mérito e Sociedade, encabeçado por alguém de mais experiência têm com “pessoas” do que qualquer outro dirigente do MEP, chegou a considerar suspender as eleições devido à fraca e injusta cobertura dos pequenos partidos pelos Media e fez uma campanha de semelhante relevo do que nas Europeias. Falemos por exemplo do mítico cartaz da “Conchichinha”, a apelar ao que de mais popular os Portugueses tinham sem acrescentar algum valor, ou até às muitas campanhas de distribuições e de entregas de panfletos e programa.
Seria expectável que o MMS, com muito mais espaço ideológico para crescer do que um MEP nunca chegasse a ver uma descida de mais de 20 pontos percentuais em relação às Europeias, mas surpreendentemente, este passou de 0,61% para 0,29% perdendo mais de 4 mil votos. O fluxo de votos neste caso, não foi do PSD para o MMS, mas sim do MMS para o CDS-PP, dando azo à explicação do “voto útil” de Pinto Coelho.
A consequência destes resultados é de que o duelo psicológico entre “irmãos” como o MEP e o MMS foi ganho pelo primeiro, e o segundo perde assim a sua credibilidade de alguma vez sair do espectro dos micro-partidos. Talvez não fosse uma má ideia tornar o MMS um movimento político, não partidário, pois acredito que assim tivesse um maior apoio nas suas actividades (beneficiando também a sua causa meritocrática).
Fácil seria dizer algo como isto e acabar logo com o assunto. E se calhar o mais assustador é que, os Gato Fedorento acertaram em cheio ao “engraçarem” com o tempo de antena do PPM, pois este deverá ter sido o partido que a Campanha mais fraca e pouco credível fez.
Para um partido que, supostamente, se candidata a certas autarquias em coligação com o PSD e o CDS-PP, longe vai a questão da divisão da luta monárquica e longe vai a questão ideológica de qual o benefícios destas divisões de poderes para o crescimento duma causa que se diz monárquica mas não necessariamente anti-republicada de todo.
Para além do episódio do tempo de antena, tivemos a fantástica demonstração de que o PPM realmente pertence ao conjunto de micro-partidos e que as suas coligações são meros acasos de anti-democratização das eleições: uma campanha, seguida pelos media televisivos, em que Nuno da Câmara Pereira junto de duas apoiantes munidas de bandeiras e t-shirt do partido, caminhavam junto de feirantes num mercado que provavelmente pensaria que estes teriam sido três elementos perdidos de uma campanha do CDS-PP ou do PSD ou então na promoção de mais um dos seus CDs de Fado.
Depois de um ano que para os monárquicos significa o mundo, e de dois curiosos eventos para aumentar as celebrações: os casos das bandeiras na CML e na CMP (este último muito menos badalado), esperar-se-ia que o PPM saísse com um resultado maior do que uns pequenos 0,27% (mesmo apesar de não ter tido uma grande queda em relação às Europeias).
O Partido Nacional Renovador venceu. E venceu não devido aos seus resultados percentuais (nem pelo número de deputados, obviamente) mas porque conseguiu fazer aquilo que em 2005 teria sido impossível: mudar a imagem de um partido da extrema-extrema-direita violenta, cheio de supostos neo-nazis, skinheads e fascistas, para um partido mais conservador, familiar e “politicamente correcto”, sem nunca abandonar as suas ligações com movimentos mais extremistas.
Se há partido que conseguiu reunir uma sólida base eleitoral e, potencialmente, sem que a perca numas próximas eleições, foi o PNR, pois este transformou-se numa ponte entre uma realidade que muitos Portugueses achavam exagerada, mas que lá no fundo até nutriam algum tipo de compreensão sobre as ideias e ideias dessa luta nacionalista.
Esquecendo casos que, no passado, envergonharam o PNR, e pondo para trás qualquer discurso ao combate à imigração da forma mais dura possível, este decorou os seus discursos e campanhas com as suas velhas bandeiras mais populares: a protecção dos valores da família e os direitos exagerados dados aos criminosos em paralelo com uma restrição de direitos às forças de segurança.
O PNR está a amadurecer e, com isso, a perceber de que o voto extremista apesar de ser ainda grande, tem como base uma ideologia volátil, e está a apelar ao seu lado mais tradicionalista, tomando algumas das bases do ala autoritária do PP (conseguia-se ver algumas sobreposições de temas e ideias) e a roubar votos tanto aos democratas cristãos como a alguns PPDs claramente descontentes.
Estranho é, nem o PNR conseguir perceber a vitória. Pinto Coelho, pelos vistos não notou que a descida de 0,37 (Europeias) para 0,21% (Legislativas) não é assim tão grande considerando, as restantes dos partidos pequenos e aínda a situação, por ele referida, do "voto útil no CDS-PP".
O Partido Humanista tinha uma hipótese, depois do desastre que lhe foram as Europeias. Viu o Movimento Partido da Terra, com uma posição complementar e claramente associável – a ecologia – e decidiu que teria de dar um salto para saírem os dois da realidade dos micro-partidos.
Surgiu a FEH – Frente Ecológica e Humanista – um projecto bem construído e com candidatos de bom perfil
Como já referi estas eleições eram a melhor hipótese de angariar uma maior base eleitoralista, devido ao descontentamento gerado junto dos Bloco Central (daí, obviamente, o surgimento de partidos ou de atenção a partidos pequenos). Claro está que, comparando as Europeias com as Legislativas, seria expectável que a FEH fosse ter, nas Legislativas, uma percentagem menor do que a soma dos dois partidos nas Europeias. Tal aconteceu com os 0,21% atingidos ainda mais prejudicados pela não candidatura conjunta do MPT em alguns círculos (por não presença do PH).
No fim das contas, para a campanha relativamente forte e tão geradora de expectativas como a FEH, esta foi muito prejudicada pela abstenção menor do que nas Eleições, não tendo conseguido, como a primeira consolidação do mundo dos “pequenos”, ganhar muito entusiasmo.
“Será uma daqueles movimentos todos janotas?”, “Pode também ser um daqueles partidos contra o aborto?!”, “Será que são anarquistas?” foram algumas das frases que eu ontem, no pós-eleições ouvi serem proferidas à porta do meu local de voto.
A verdade é que muito sorrateiramente, o PPV infiltrou-se no Boletim de Voto e, sem grandes alaridos nem campanhas, conseguiu aquilo que, na minha opinião, é uma boa e satisfatória base eleitoralista para um Partido que, ninguém sabe bem o que é.
Sim, é um Partido contra o Aborto e completamente direccionado para a luta contra o Aborto e fazem da sua representatividade eleitoral a bandeira de peso contra os resultados do referendo passado.
Portugal pró Vida conseguiu apelar ao sentimentalismo do voto, junto das pessoas certas, numa altura certa em que muita gente está descontente com os governões, para arrancar um belo começo na sua carreira partidária.
Portugal é especialista e considerado um case-study na formação de movimentos políticos não-partidários, seitas e de vez em quando partidos de base ideológica algures no triângulo entre o Marxismo-Leninismo, o Trotskismo e do Maoismo.
O Partido Trabalhista poderia muito bem se enquadrar neste tipo de classificação e, imaginando uma situação extremamente caricata, em qualquer serviço administrativo Português, os seus amados trabalhadores de função pública iriam obrigatoriamente relegá-lo para os guichés Marxistas-Leninistas.
No entanto o PTP é um partido Trabalhista, derivando-se da influência Anglo-Saxónica, e com grande apoio do Partido Trabalhista Inglês. Coisa que os eleitores não perceberam, desde aquele clássico tempo de antena passado nos Esmiuçadores, até à presença muito peculiar do seu líder, passando ainda por propostas que pouco têm a ver com um enquadramento de um Partido Trabalhista internacionalmente.
Um lugar esforçado e merecido, especialmente junto do “eleitorado do engraçado”, para quem o voto é transformado em prémio do Partido mais caricato!
Os resultados são públicos – com a excepção dos deputados dos votos estrangeiros – e são completamente lógicos mas estranhamente imprevisíveis. Desde uma margem confortável entre o PS e o PSD, até ao êxodo de votos do Centralão, passando por um PP de força e fé a arrancar o terceiro lugar de um Bloco em claro crescimento.
Vou escrever 15 artigos, um para cada partido, frente, movimento ou qualquer outro candidato às Legislativas’09, descrevendo os efeitos do seu resultado, bem como este foi conseguido e o que acontecerá daqui para a frente.
Porque as eleições legislativas são, acima de tudo uma experiência claramente nacional, eu quis vê-a numa perspectiva extremamente pessoal e particular do que foi esta ridícula salgalhada de partidos e confusões eleitorais chamada “Eu e as Legislativas’09”!
Ultimamente a esquerda tem-nos presenteado com um bailado folclórico de extremo interesse e de grande preocupação. A dança de acasalamento à volta de Manuel Alegre de José Sócrates, de um lado, e de Francisco Louçã, de outro lado, tornou-se uma acelerada Polka entre os três políticos.
Já era sabido que Manuel Alegre tinha ditado uma forte e simbólica ruptura da máquina do Partido Socialista, que, de acordo com a sua opinião, de socialista teria pouco e de máquina teria muito. Desde as anteriores presidenciais que Manuel Alegre se viria a distanciar, formando até o Movimento pela Cidadania, que alguns chegaram a preconizar como a chegada de um novo partido. E paralelo a este distanciamento das políticas de direita era visível um subtil flirt a Manuel Alegre daquela que se colocava como a nova esquerda, dos ideias sociais e solidários, a esquerda do Bloco que, para Manuel Alegre, de esquerda tinha muito e de bloco teria pouco.
Como já foi discutido recentemente neste blog, esse flirt tornou-se num singelo namoro quando Francisco Louçã, antecipando-se a qualquer conversa de candidaturas antecipadas, dá publicamente o mote para Manuel Alegre avançar para as presidenciais e, com o apoio formal do Bloco. Cavaco Silva, que tinha sido eleito por uma direita unida contra uma esquerda fragmentada de candidaturas soltas, viu Belém a lhe escapar pelos dedos mas sabia que nada podia fazer, apenas podia esperar por um milagre que lhe salvasse o assento.
Ora então, não é que é mesmo durante o debate das legislativas que, devido à forte concorrência de parte do PSD, os media começam a especular uma possível e mui hipotética coligação entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista. A pergunta teve um efeito tal e qual a Coca-Cola em Portugal, primeiro estranhou-se tal consideração, mas à medida que se considerava uma hipótese do Partido Socialista de voltar à sua querida maioria absoluta, esta questão começou a entranhar-se dentro das lides socialistas (e sejamos honestos, pelo menos a ser equacionada pelos militantes bloquistas).
Ora esta não era a primeira vez que se falava do grande passo que seria o Bloco de Esquerda entrar numa governação, nem seria a primeira vez que se falava disto acontecer via coligação com o PS. Mas enquanto anteriormente estas hipóteses eram tão longínquas quanto uma coligação entre PCP e PS, esta campanha tinha tido o flirt bloquista aos votos socialistas e a Manuel Alegre, bem como as propostas de casamento socialistas a militantes bloquistas (como aquelas aceites de Miguel Vale de Almeida e Inês de Medeiros ou a negada de Joana Amaral Dias) o que veio a aproximar frequentemente as duas organizações, já para não falar da sugestão de Ana Gomes e do OK de Mário Soares.
E quando, então, vemos Manuel Alegre na sua amada Coimbra, a apoiar publicamente José Sócrates na sua caminhada legislativa, vemos a tal dança de acasalamento, passar de uma ferramenta de sensualidade de duas vias, para ser uma agressiva e bem oleada Polka entre os três, um à procura do assento Presidencial, outro à procura de um assento maioritário no Parlamento, e o outro à procura duma estreia governativa.
Estrategicamente esta coligação não podia ter vindo em melhor altura, nem de facto em melhores moldes e, aliás, daqui a quatro anos até faria sentido de algum modo. Mas se esta semana o Bloco vier publicamente apoiar a ideia, tudo o que o Bloco tem defendido será destronado pela velhinha sede de poder. São programas com grandes discrepâncias, e uma maioria de pulso de ferro do PS que iriam tornar qualquer hipótese governativa do Bloco num desastre ambulante (mesmo apesar de boas intenções) bem como o Bloco perderia a irreverência de um partido de contestação sustentada, para a de um típico partido de coligações temporárias do swing eleitoral.
Resta agora, saber se o eleitorado conseguiu, como a própria base bloquista, perceber que tudo não se passou de uma tampa do Bloco ao PS, para lhe deixar com a àgua da maioria absoluta na boca, mesmo já tendo esta vindo à superfície.
Há uma palavra que deixa José Sócrates muito irritado. É a VERDADE. Já tinha percebido há muito tempo que ele e a verdade andavam de costas voltadas, mas não lhe conhecia tamanho ódio. A verdade é que José Sócrates pouca verdade diz da boca para fora, ou não é verdade? É verdade sim, senhores.
Cumpri a dolorosa função de assistir ao debate entre a dra. Ferreira Leite e o senhor José Sócrates. Pobre de mim. Que coisa entediante. Foi como estar às três da manhã a ver as televendas na TV durante 20 minutos até cair em mim e perceber que tenho na mão um telecomando capaz de me teletransportar para algo mais digno de se ver. Tenham dó de mim. Eu assisti impávido ao debate entre aqueles dois e estou a dar-me ao trabalho de escrever sobre isso. Façam o favor de ter pena de mim.
Sinceramente não tenho seguido os debates entre líderes partidários. Contudo hoje perdi a cabeça e vi o duelo Paulo Portas Vs. Manuela Ferreira Leite. O que descobri foi muito interessante do ponto de vista da aliança que já devia existir neste momento. Os dois são tão iguais que a Direita portuguesa ganhava em unir-se antes das eleições e ir a votos junta.
Paulo Portas defende a redução de impostos. Manuela Ferreira Leite entende que a carga fiscal está demasiado elevada e que, por isso, a tendência será baixá-los. Só não promete porque quer chegar ao governo para ter a certeza de que o pode fazer. Até aqui se conclui que os dois são favoráveis, por princípio, a uma redução da carga fiscal.
Paulo Portas defende a admissão de mais polícias. Manuela Ferreira Leite quer ver o que se arranja com o número actual de polícias e estudar se isso é necessário ou não. Os dois acham que a melhoria da segurança em Portugal passa por ter em atenção o número de efectivos da PSP e GNR.
Paulo Portas aposta nas PME’s como fonte primária de reanimação da economia. Manuela Ferreira Leite também.
Paulo Portas quer devolver autoridade aos professores. Manuela Ferreira Leite quer acabar com a brincadeira com que José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues se têm entretido e negociar com os professores o modo de avaliação dos mesmos.
Neste momento o PPD está tão próximo do CDS que eu aposto tudo em como se o PPD/PSD ganhar as eleições legislativas vai coligar-se com o CDS. Só não percebo a relutância em terem-no feito já e irem a votos como um bloco de direita contra a esquerda inútil que temos em Portugal.
Eu defendo com unhas e dentes uma nova AD. Ver o PPD/PSD junto ao CDS – os dois formam um bloco ideológico mais completo do que são os dois partidos isoladamente – e juntava-lhes o PPM com toda a tradição que este partido tem em Portugal, pelo respeito que merece de todos os portugueses e pela carga simbólica que tem a união destes três partidos.
Polémica instalada em Portugal. Ah! Como eu amo Portugal. Amo mesmo. Palavra. Somos um país com um clima de fazer inveja. Os nossos invernos passam a correr e os nossos verões – admitam lá! – são muito bons. Temos óptima gastronomia, óptimas praias e somos um país que deve pouco ao mínimo para ser desenvolvido.
É verdade que temos muitos desempregados, mas a malta já se conformou e sabe que isto é da conjuntura e que daqui a uns tempos vamos voltar ao velho período quasi cavaquista. Então e se a malta se quiser irritar com alguma coisa como é que faz? Seria uma pasmaceira de país se tudo fosse tão perfeitinho que ninguém tivesse ponta por onde pegar.
Mas cá nós, os portugueses puros e duros, somos artistas na arte do desenrascanço e logo á mínima merdinha arranjamos o que dizer. Ah! Pois, não. Vejam lá se esta não está muito boa. Vamos todos dizer mal disto: a dra. Ferreira Leite usou a viatura oficial do governo regional da Madeira. Pumbas! Aqui está uma grande polémica.
Agentes políticos do meus país, toca a fazerem uma pausa na discussão sobre os grandes investimentos públicos, sobre o desemprego, sobre a criminalidade, sobre a sustentabilidade da segurança social, sobre a saúde, sobre a educação et caetera e vamos partir a louça toda porque isto é inadmissível! A dra. Ferreira Leite lesou o Estado português. Aqueles 40 euros que gastou em gasolina na Madeira, olha que davam para matar a fome a muita gente. Ou não davam? Davam pois. Para já serviu para matar a fome daqueles que andavam aguadinhos por dizer estupidezes.
Raios partam os maldizentes.
Apaixonei-me por uma nova frase: «Aqueles que andam sempre com a verdade na boca, são os primeiros a escorregar na esquina». Quem disse isto foi nosso «Primeiro», o José Sócrates, ele mesmo. Só não percebi muito bem o quê que, no meio deste recado ao PSD, ele quis dizer com isto.
Está aberta nova guerra entre os principais partidos em Portugal. PSD defende que as eleições Legislativas e Autárquicas devem ser realizadas no mesmo dia, por seu turno, o PS defende datas separadas, sendo certo que as Autárquicas, que dependem de José Sócrates, em Outubro, depois das Legislativas em Agosto ou Setembro.
Não me é difícil perceber tal diferendo. É que, como bem sabemos, o PSD é o partido dominante nas autarquias em Portugal – é – facto! – o partido que, sozinho em alguns Concelhos, e em coligação com o CDS noutros, mais Câmaras tem arrecadado nos últimos actos eleitorais autárquicos. Mais, por norma, o partido que ganha Porto e Lisboa, ganha o resto do país.
Sabemos que, infelizmente para uns, felizmente para mim, Rui Rio tem tudo para voltar a vencer as eleições no Porto; e nas últimas eleições europeias o PSD foi o partido mais votado em Lisboa abrindo caminho – infelizmente para uns, novamente felizmente para mim – a uma possível vitória de Pedro Santana Lopes em Lisboa. Reunidas condições normais, eu aposto que o PSD ganha as próximas eleições autárquicas, e como dizia o outro, em condições anormais, também aposto que o PSD as vai ganhar.
Ora o que tem isto a ver com o prólogo deste artigo? Tudo.
É que se as contas são relativamente fáceis de fazer para as eleições autárquicas, já quanto às legislativas elas são mais complexas. E José Sócrates sabe disso. E Manuela Ferreira Leite sabe também. Sabemos que o resultado de umas eleições próximas de outras, podem influenciar o resultado das segundas. Então, com a vitória do PSD nas europeias o partido da social-democracia pode ver-se, neste momento, a discutir ombro a ombro as eleições para a Assembleia da República; se as eleições fossem no mesmo dia, então, com a onda laranja a pintar o mapa autárquico português, o PS podia ver sacrificado, por arrasto, o resultado das legislativas. Mas se as eleições forem separadas – como quer o PS – então uma ainda possível e, talvez, provável vitória socialista nas legislativas é que poderia eventualmente resultar num mal menor para o PS no resultado eleitoral autárquico de Outubro.
Jogos partidários à parte, defendo, como cidadão, que as eleições sejam realizadas em dias diferentes. Bem sei que o custo seria duplicado; bem sei que podia ter efeitos negativos na abstenção; mas também sei que pode gerar confusão aos eleitores terem quatro boletins de voto à sua frente num só dia: Assembleia de Freguesia, Assembleia Municipal, Executivo Camarário e Assembleia da República.
Mas também sei que José Sócrates e Manuela Ferreira Leite têm – e têm mesmo! – que fazer outras contas. E está aqui a razão por que não se entendem quanto à data das eleições. Resta saber o que decidirá o dr. Cavaco Silva. Tenho para mim que optará pela modalidade de eleições separadas. Vá lá saber-se porquê.
2) O Efeito Sócrates/Ferreira Leite vs. O Efeito Vital Moreira/Rangel
Estas eleições, foram deveras surpreendentes e particularmente interessantes pois, para já a festa é farta pelos lados sociais-democratas, alimentada por uma espera de 11 anos, quando na realidade os seus resultados não são assim tão animadores. No entanto estes 30% são, talvez, os resultados mais intrigantes a que já assisti. Ora então porque?
Primeiro, fica a grande dúvida se este resultado foi um efeito duma real (e louvável) concentração de atenções junto dos cabeças de lista às Europeias, e assim devendo-se a uma justa e clara avaliação, pelo menos, dos seus discursos; ou então se terá sido apenas um desabafar político do descontentamento da governação de José Sócrates nos últimos anos.
Ou seja, fica por saber se esta vitória do PSD se deve a uma pseudo-brilhante campanha de Rangel acompanhada de uma quantidade propagandista de má qualidade a Vital Moreira ou se, por sua vez, se deve à vingança dos Portugueses por José Sócrates. Apesar de achar que a verdadeira razão é a segunda (pois obviamente o povo português pouco ou nada esteve interessado nestas Europeias e nas suas consequências), resta falar sobre uma grande problemática que são as Legislativas. Se, de verdade, houver muito atrito a José Sócrates (como estes resultados provaram), o que acontecerá nas Legislativas? Será que os Portugueses continuaram a definhar o seu PM quando a alternativa for a mui odiada Manuela Ferreira Leite?
Apenas poso dizer que umas eleições que todos estariam à espera que fossem uma “sondagem” para as Legislativas e para as Autárquicas, acabaram por ser um turbilhão de probabilidades para o futuro.
Amigos Leitores
Depois de um hiato político-social característico de anos sem eleições (e se calhar sem representatividade política), volta à carga toda a parafernália eleitoralista com tempos de grande discussão.
Na verdade, é curioso verificar que nestes últimos anos, à excepção das manobras parlamentares anti-governo de todos os partidos (menos o PS), a política partidária Portuguesa teve um abrandamento de discussão que foi extremamente demarcado e que resultou numa grande infelicidade: os parcos incentivos ao debate político fulcral levaram a que uma maioria absoluta de um governo psêudo-socialista diminuísse uns metafísicos índices de democracia em Portugal.
O que verificamos, de grandes movimentações políticas, à excepção dos habituais comícios e outras patranhas partidárias, foram as movimentações de massa crítica que o Bloco de Esquerda teve na sua Marcha pelo Emprego, a manifestação por parte da CDU em Lisboa e outros poucos episódios políticos de menor dimensão.
Toda a política portuguesa ficou completamente reduzida a uma constante (e pequena) crítica das "governamentações" de José Sócrates e às batalhas de candidatos fantasmas que foram eleitos quase com mandato de término em 2009, no qual os partidos voltariam à carga com todas as armas.
E foi exactamente isso o que aconteceu: 2009 abriu-se com um pequenino (mas no entanto importante) debate sobre as futuras Autárquicas e com o periscópio político com a mira para as Europeias. Infelizmente verificamos, no entanto, que todas estas vontades políticas de "Não Brincar" ou de ser como um todo "Nós, Europeus" estão permanente assombradas pela sempre constante e mui antiga nuvem partidária das Legislativas.
Portugal, um país em que todos conhecemos e sabemos que de democrático nos últimos 30 anos teve uma aproximação àquilo que era a média dos anteriores 40, vê hoje uma agenda política de vitória legislativa a defraudar completamente todo o discurso e debate político das Europeias.
Eu sou um grande fã dos media, pelos melhores e pelos piores motivos, e aquilo que temos observado neste período de campanha são quase todos os partidos a fazerem uma campanha com base na crítica fácil de um governo de maioria absoluta sobre a sua autoridade nas medidas domésticas. Ora onde está o debate sobre o federalismo europeu? Onde está o debate sobre o muito importante pacote da comunicação que, caso sejam levadas avante algumas das medidas de certos grupos poderão impedir o próprio acesso da internet aos vossos caros autores deste blog?
E falando deste e doutros assuntos podemos referenciar, toda a questão das políticas do BCE em relação à crise, bem como toda a questão de incentivos de recuperação económica de uma Europa unida contra à crise, ou até a fulcral questão da própria metodologia de combate à crise por uma Europa de incentivos estatais ou de soberania reguladora? E Tratados de Lisboa, o balanço do Processo de Bolonha e outros tantos?
Nunca na vida vi umas eleições nas quais estivesse tão atento a todas as notícias sem conseguir extrair as opiniões políticas desses candidatos sobre os temas a que os cargos a que se candidatam, versam. Assim, apenas podemos chorar e gritar por uma campanha que não conte apenas com os ataques às forças governamentais (tenham ou não tenham razão) e que se foquem mais nos debates dos tópicos europeus, numa altura em que a Europa tanto precisa de nós como cidadãos.
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