Quarta-feira, 23 de Setembro de 2009

Cavaco POPPOC (Puxa-lhe O Pé Para O Chinelo [Liguangem MEC])

 
Tenho para mim que ao Doutor Cavaco puxa-lhe o pé para a chinela. Isto podia ser uma anedota. Por exemplo: se Portugal tivesse tido o acidente de eleger o dr. Louçã Presidente da República, então, caso este fizesse a actuação que Cavaco está a fazer, seria anedótico. Era motivo de gargalhada geral, como o são aqueles amadores que se mandam para garraiadas e fazem figura saloia em frente ao toiro.
 
Acontece, porém, que do Doutor Cavaco não se espera o mesmo que do dr. Louçã – pelo menos eu esperava muito mais do primeiro que do segundo, do qual, aliás, não espero nada de benigno – e por isso custa assimilar os acontecimentos da última semana. Por três vezes, Cavaco Silva vem falar aos jornalistas e afirma e reafirma que não falará do assunto das escutas antes das eleições para não interferir na campanha eleitoral. Mas o mesmo que se recusa interferir por palavras na campanha eleitoral, premeditadamente ou não, através da sua acção veio provocar estilhaços maiores do que qualquer palavra sua provocaria.
 
Pois que se o Doutor Cavaco queria ausentar-se da campanha, já tinha idade para perceber que “ausentar-se da campanha” incluiria palavras e acções, ou não-palavras e não-acções. Mas esta demissão do seu assessor de imprensa veio levantar a suspeita de que este, envolvido com o PSD, encomendou o caso das escutas ao jornal Público. Ora, Cavaco não fala; Manuela Ferreira Leite é bem melhor que não fale; e os portugueses vão às urnas com esta suspeita infiltrada na tinta da esferográfica que pousarão no boletim de voto.
 
Prejudicará alguém? Não senhora! Agora percebo o que Cavaco quis dizer com “entregarei o meu cartão de militante do PSD na sede do partido” quando ganhou as eleições. E parece que quis dizer “levantarei o meu cartão de militante do PS na sede do partido”.
Segunda-feira, 14 de Setembro de 2009

23 Verdades de José Sócrates

Há uma palavra que deixa José Sócrates muito irritado. É a VERDADE. Já tinha percebido há muito tempo que ele e a verdade andavam de costas voltadas, mas não lhe conhecia tamanho ódio. A verdade é que José Sócrates pouca verdade diz da boca para fora, ou não é verdade? É verdade sim, senhores.

 
Obviamente não vou falar das promessas eleitorais feitas em 2005 e que ele não cumpriu; obviamente não vou falar do caso da sua licenciatura que ele nunca soube – nem quis! – explicar; nem tão-pouco falarei do caso “freeport” que tanto o irrita, porque não passa de uma campanha negra, mas à qual ele também não é capaz de se esquivar.
 
A verdade que José Sócrates se recusa a admitir é, na verdade, a seriedade da oposição. Em boa verdade, seria seriedade a mais para a ferrugenta furgoneta do senhor primeiro-ministro. Para alguém tão pouco habituado a dizer verdades seria um exercício de extrema complexidade. O senhor-verdade… Perdão. O senhor primeiro-ministro andou este tempo todo a acusar a oposição – toda a oposição – de ser pouco séria nas suas criticas e nas suas propostas para o país. Agora, por variadíssimas vezes, tem vindo criticar o PPD/PSD por se assumir como um partido de verdade. Aquilo que me faz confusão, pessoalmente, é a falta de verdade que o sujeito demonstra ao criticar o PPD/PSD por ser verdadeiro. Porque na verdade o que o senhor José Sócrates quer criticar é a incisão cotovelar que a imagem que a dra. Manuela Ferreira Leite pode vender lhe provoca.
 
É que ao contrário de José Sócrates, Manuela Ferreira Leite foi a melhor aluna do seu curso, foi a melhor aluna do ano em que terminou a licenciatura, acabou-a com média de 16 valores, exerceu docência, foi economista do Banco de Portugal, Secretária de Estado, Ministra e foi sempre, sempre, sempre – sempre! – conhecida por competência e seriedade. Não se lhe aponta um escândalo, um episódio. Esta é a verdade que incomoda José Sócrates. Na verdade não suporta que alguém seja verdadeiramente verdadeiro, porque ao sê-lo estariam a ter mais VERDADE que ele mesmo. E na verdade José Sócrates não suportaria tal coisa. Não é verdade?
 
 
Post scriptum: usei 23 vezes a palavra verdade e palavras derivadas propositadamente.
Por Don Corleone às 20:32
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Ferreira Leite Vs. Sócrates

Cumpri a dolorosa função de assistir ao debate entre a dra. Ferreira Leite e o senhor José Sócrates. Pobre de mim. Que coisa entediante. Foi como estar às três da manhã a ver as televendas na TV durante 20 minutos até cair em mim e perceber que tenho na mão um telecomando capaz de me teletransportar para algo mais digno de se ver. Tenham dó de mim. Eu assisti impávido ao debate entre aqueles dois e estou a dar-me ao trabalho de escrever sobre isso. Façam o favor de ter pena de mim.

 
Cumpre dizer, em primeiro lugar, que chamar àquilo um debate é como chamar gato ao um rato. Quero dizer que é chamar de algo uma coisa que o não é. Mas a culpa não foi dos protagonistas, porque tenho achado isso de todos os “debates”. A culpa é deste formato que é capaz de transformar um debate numa espécie de dupla entrevista.
 
Mas do debate concreto entre Ferreira Leite e José Sócrates nasceu em mim uma indignação ainda maior do que dos outros. É que, para mim, ficou claro que o PSD mais do que merecer, precisa do meu voto. Do meu e, claro está, do de todos os portugueses. O debate de ontem mostrou não mais que uma coisa: José Sócrates continua a dizer que salvou o país, que criou 130 mil postos de trabalho, que modernizou Portugal, que fez muito e muito bem pela educação e pela justiça. Manuela Ferreira Leite retorque, como eu e como qualquer português não-senil: de que serviu tudo isso? Portugal tem hoje mais desempregados do que em 2005; continuamos a sentir os efeitos nefastos da burocracia em cada conservatória, em cada repartição de finanças, em cada Câmara Municipal; continuamos a ter uma educação caduca, alunos mal ensinados, mal preparados, alunos que batem nos professores, professores que não têm como exercer autoridade sobre os alunos; continuamos a ter uma justiça que não funciona, que é lenta, que é dispendiosa, burocrática e, acima de tudo e mais grave que tudo, continuamos a ter uma justiça que é injusta. Mais, temos agora censura! (Escreverei sobre esta nova censura num seguinte post).
 
Então de que serviram quatro anos e meio de governação de José Sócrates? Ponham a mão na consciência e encontrem solução para esta questão. Questão para a qual eu não encontro resposta é: como é que ainda há compatriotas meus que, depois desta aventura, depois de tantos escândalos que comprometem inequivocamente a seriedade de José Sócrates (o caso da sua licenciatura, o caso “freeport”) depois desta amálgama de diferendos com a classe de advogados, juízes e professores, continuam a pensar votar neste individuo?
Por Don Corleone às 19:55
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Sexta-feira, 11 de Setembro de 2009

CDS+Espelho+Pozinho de Arroz = PPD/PSD

Sinceramente não tenho seguido os debates entre líderes partidários. Contudo hoje perdi a cabeça e vi o duelo Paulo Portas Vs. Manuela Ferreira Leite. O que descobri foi muito interessante do ponto de vista da aliança que já devia existir neste momento. Os dois são tão iguais que a Direita portuguesa ganhava em unir-se antes das eleições e ir a votos junta.

 

Paulo Portas defende a redução de impostos. Manuela Ferreira Leite entende que a carga fiscal está demasiado elevada e que, por isso, a tendência será baixá-los. Só não promete porque quer chegar ao governo para ter a certeza de que o pode fazer. Até aqui se conclui que os dois são favoráveis, por princípio, a uma redução da carga fiscal.

 

Paulo Portas defende a admissão de mais polícias. Manuela Ferreira Leite quer ver o que se arranja com o número actual de polícias e estudar se isso é necessário ou não. Os dois acham que a melhoria da segurança em Portugal passa por ter em atenção o número de efectivos da PSP e GNR.

 

Paulo Portas aposta nas PME’s como fonte primária de reanimação da economia. Manuela Ferreira Leite também.

 

Paulo Portas quer devolver autoridade aos professores. Manuela Ferreira Leite quer acabar com a brincadeira com que José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues se têm entretido e negociar com os professores o modo de avaliação dos mesmos.

 

Neste momento o PPD está tão próximo do CDS que eu aposto tudo em como se o PPD/PSD ganhar as eleições legislativas vai coligar-se com o CDS. Só não percebo a relutância em terem-no feito já e irem a votos como um bloco de direita contra a esquerda inútil que temos em Portugal.

 

Eu defendo com unhas e dentes uma nova AD. Ver o PPD/PSD junto ao CDS – os dois formam um bloco ideológico mais completo do que são os dois partidos isoladamente – e juntava-lhes o PPM com toda a tradição que este partido tem em Portugal, pelo respeito que merece de todos os portugueses e pela carga simbólica que tem a união destes três partidos.

Por Don Corleone às 00:04
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Terça-feira, 8 de Setembro de 2009

Dar cordinha aos sapatos!

 

Polémica instalada em Portugal. Ah! Como eu amo Portugal. Amo mesmo. Palavra. Somos um país com um clima de fazer inveja. Os nossos invernos passam a correr e os nossos verões – admitam lá! – são muito bons. Temos óptima gastronomia, óptimas praias e somos um país que deve pouco ao mínimo para ser desenvolvido.

 

É verdade que temos muitos desempregados, mas a malta já se conformou e sabe que isto é da conjuntura e que daqui a uns tempos vamos voltar ao velho período quasi cavaquista. Então e se a malta se quiser irritar com alguma coisa como é que faz? Seria uma pasmaceira de país se tudo fosse tão perfeitinho que ninguém tivesse ponta por onde pegar.

 

Mas cá nós, os portugueses puros e duros, somos artistas na arte do desenrascanço e logo á mínima merdinha arranjamos o que dizer. Ah! Pois, não. Vejam lá se esta não está muito boa. Vamos todos dizer mal disto: a dra. Ferreira Leite usou a viatura oficial do governo regional da Madeira. Pumbas! Aqui está uma grande polémica.

 

Agentes políticos do meus país, toca a fazerem uma pausa na discussão sobre os grandes investimentos públicos, sobre o desemprego, sobre a criminalidade, sobre a sustentabilidade da segurança social, sobre a saúde, sobre a educação et caetera e vamos partir a louça toda porque isto é inadmissível! A dra. Ferreira Leite lesou o Estado português. Aqueles 40 euros que gastou em gasolina na Madeira, olha que davam para matar a fome a muita gente. Ou não davam? Davam pois. Para já serviu para matar a fome daqueles que andavam aguadinhos por dizer estupidezes.

 

Raios partam os maldizentes.

Por Don Corleone às 15:16
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Terça-feira, 23 de Junho de 2009

Chegamos ao inevitável: Esquerda com "E" grande!

Francisco Louçã e Manuel Alegre

 

Hoje fiquei muito contente por ter visto mais uma prova de como a política é um jogo, que apesar de ter uma tendência a longo prazo, é completamente cíclica a curto e médio prazo, quando ouvi Francisco Louça apoiar uma futura candidatura presidencial de Manuel Alegre.

 

Depois da esquerda centrista europeia ter conseguido conquistar (e nalguns casos, quase ter conquistado) um surpreendente número de líderes estatais desde há uns 6 anos para cá (vejamos só Sócrates, Zapatero, uma pseudo-Merckel e uma quase Ségolene) eis que se veio confirmar a derrota da esquerda europeia nestas últimas eleições, como era necessário para confirmar o ciclo.

 

Portugal, atrasado como sempre, apesar de ter tido um partido de direita vitorioso (o PPD-PSD), a direita como um todo sofreu uma fortíssima derrota, com o aparecimento de uma grande massa crítica de votos à esquerda do PS e, se considerarmos o PS de esquerda como consideramos o PPD-PSD de direita, então o número de deputados e votos da primeira, largamente supe­rou os da direita.

 

Ora isto só ajuda a alimentar as esperanças de que, o ciclo irá fazer girar a faca e o queijo para a esquerda. Mas quando? E confirmações?

 

Ainda não sabemos se as Legislativas e as Autárquicas serão no mesmo dia, no entanto, sabemos que apesar do PSD ter uma vantagem nas autárquicas, ambos os resultados estão muitíssimo renhidos e a ser activamente disputados pelos partidos do Centrão.

 

Assumindo hipoteticamente que as eleições são no mesmo dia, é claro que as Legislativas irão impor a sua influência e ordem de importância sobre as Autárquicas e haverá um efeito de propagação dos resultados das primeiras sobre as segundas, sendo que é bem provável que o vencedor de uma seja o vencedor das duas. Neste cenário, o Centrão iria ganhar votos nas autárquicas devido às pressões partidárias e a uma outra multiplicidade de efeitos derivados das legislativas.

 

Assumindo hipoteticamente que as eleições são em dias diferentes, os efeitos são completamente diferentes. Como falei num artigo recente, o factor governabilidade junto do eleitorado do PS, bem como o factor animosidade contra Manuela Ferreira Leite irão ajudar José Sócrates a conquistar uma leve vitória (lembrem-se, hipoteticamente) e permitem o PSD jogar todas as suas cartadas para assegurar uma grande vantagem nos municípios portugueses.

 

E os restantes partidos, que é feito deles? Ou muito me engano, ou a “porrada publicitária” entre os dois partidos vai ser tão grande que os restantes partidos irão ficar, injustamente atirados para o segundo plano e, conjuntamente com o favorecimento que a abstenção normalmente dá a estes, irão manter ou perder as suas quotas de votos.

 

No entanto, Francisco Louça veio fazer aquilo que, na minha humilde opinião já deveria ter sido feito há 4 anos atrás e que, se calhar nessa altura, teria proporcionado um crescimento muito maior e, ainda perfeitamente sustentado, do seu Bloco de Esquerda.

Francisco Louça veio, publicamente apaziguar esses milhentos indecisos no seu liberalismo social que nem uma árvore dançante ao vento, que nas últimas presidenciais fugiram às estúpidas máquinas partidárias e votaram de acordo com a sua própria opinião.

Francisco Louça veio, recentemente, afirmar a sua opinião de apoio a uma eventual candidatura presidencial de Manuel Alegre.

 

Ora bem, este facto para mim só tem 3 conclusões simples:

 

- Depois de uma governação pateticamente apagada por parte de Cavaco Silva, em que mais que fantoche do Governo este foi um elo de ligação com a oposição, a população pouco ou nada sabe da sua governação e como tal, continuará a votar nele com a mesma mística de mistério com a qual votou nos seus programas dúbios e não-esclarecedores na sua candidatura inicial. Tanto mais ainda que este é provavelmente o único ponto em que a Direita, desunida e de costas voltadas, ainda concorda. Depois de Manuela Ferreira Leite “ponderar” governar sem coligações (de forma um pouco gananciosa ou verdadeira, tirando assim uma boa capacidade de ganhar as eleições) Paulo Portas pondera como exercer a sua influência junto do PSD numas eleições que não as Autárquicas.

 

- O Partido Socialista, não o fez nas últimas eleições, nem nunca o fará enquanto Manuel Alegre continuar a ser o inconformado que nem pelo seu próprio partido pode ser calado. O PS não o apoiará na sua candidatura e este irá que trazer a sua maior arma para que uma candidatura falhada não seja o princípio do fim para essa “esquerda do cansaço”. Ora bem, sendo que o panorama na altura era “relativamente” parecido e assumindo que o Mário Soares é o mais mediático e lendário político que o PS alguma vez teve e terá, eu acredito que este tenha sido a sua grande arma. Portanto, a não ser que estes tragam um Mário Soares 30 anos mais novo e com mais 30% dos votos ao brandar gritos anti-sócrates, duvido que o PS tenha alguma hipótese em ganhar as presidenciais, pelo que a única restante alternativa do PS será trazer do reino dos mortos (ou seja, a ONU) o Santo António Guterres, padroeiro da memória curta dos portugueses (esperem aí, não foi ele que já apareceu nuns cartazes do PS já nestas eleições? Será isso um sinal?)

 

- Finalmente, o ponto mais entusiasmante derivado desta notícia é sem dúvida o facto de finalmente vermos a Esquerda, com “E” grande, unida como já não se via desde a 4ª internacional! Fraccionada entre milhentas mini-seitas marxistas / leninistas / trotskistas / maoistas / socialistas, esta tem sempre sofrido pela divisão entre as suas raízes e uma aproximação do PS para uma governabilidade de “mal menor”. No entanto, finalmente, hoje conseguimos ver uma grande ameaça de uma esquerda reforçada pelos últimos resultados políticos e inspirados pelas declarações de Francisco Louça.

 

Depois de anos de namoriscos de corredor, piscares de olhos de assembleias e flirts de municípios, o Bloco finalmente assumiu algo que apenas se pode concretizar como um namoro de intenções sérias com a facção, ainda muito grande, divisória do PS liderada por Manuela Alegre (que conta com um ainda activo Movimento pela Cidadania).

 

Depois dos separatistas comunistas há algum tempo atrás, parece que o gosto por divorciados, do Bloco de Esquerda, está outra vez activo e vai fazer tremer a Direita e aquilo que restará do PS nas presidenciais.

 

Será que temos um poeta como presidente? Só falta Manuel Alegre aceitar a corte do Bloco.

Música: The Cure - 39
Mood:: Entusiasmadamente Sonhador
Segunda-feira, 15 de Junho de 2009

Governabilidade é palavra cara para "chico-espertice"!

 

Acredito que todos aqui já estiveram parados numa auto-estrada cheia de imensas filas e, de repente, à direita e fora da faixa surge o mui lusitano e claramente conhecido "chico-esperto" que ultrapassa tudo e todos para chegar a casa mais rápido para garantir o seu lugar no sofá a ver TV. Ora bem, de facto não é uma grande conclusão, mas já não me lembrava como a política portuguesa está cheia destes senhores "chico-espertos".

 

Porquê?

 

Vimos batalhas e guerras, sangue e suor e gritos de independência (do tipo Ipiranga mas versão política Portuguesa) de todos os eixos e quadrantes políticos possíveis, demarcando-se claramente longe de todas as outras alternativas por serem de má governância e de distante coerência ideológica.

 

Pois não é que, os afamados resultados das senhoras europeias, nos deram o vislumbre de um país descontente com o governo de Sócrates e com algumas possibilidades para Manuela Ferreira Leite, e vemos logo os "chico-espertos" já a ultrapassar pela direita fora da estrada para ter o seu lugarzinho do sofá.

 

Ora bem, Paulo Rangel, líder da bancada parlamentar do PSD e recém-cabeça-de-lista às Europeias tornado Eurodeputado veio já dizer que (como se ele fosse Manuela Ferreira Leite) sem sombras de dúvida, se o PSD necessitar de um parceiro para assegurar a governabilidade então este será o CDS-PP. Muito bem! Agora é só esperar o grito ruidoso e a declaração rasgada, "à lá Europeias", de distanciamento político e de total reprovação de qualquer associação com um dos partidos da corda-bâmba política dos últimos anos e que tanto tem prejudicado a classe média e os pequenos empresários deste país, por parte do CDS-PP.

 

Mas não! Paulo Portas, Diogo Feio e tantos outros (quiçá mesmo um Nuno Melo) continuam impávidos e provavelmente a rezar para que a distância entre partidos nas primeiras sondagens (sondagens que eles tanto odiavam e que agora, curiosamente, terão que adorar e acompanhar) seja pouca para que haja necessidade do revivalismo da velhinha AD, ou então da neo-AD de Barroso.

 

Pior, vemos desde já os tais partidozecos que tanto bradaram por diferenciamento e como sendo alternativos seriamente a pensar nas típicas parcerias com os "grandes". O PPM veio recentemente declarar como positiva a sua intenção de parceria com o PSD, para depois das legislativas (para tentar um "ossinho" ou outro numas câmaras e juntas de freguesias).

 

Mas aquilo que é claramente o ultraje político do mês, é o PS a ver-se às bananas, não com o Jardim e as suas bananas mas com os comentários de Rangel sobre quem é que eles iriam escolher para "seu" parceiro político nas próximas eleições, para que consigam contornar a vontade do povo e assim assegurarem uma governabilidade, ainda que apenas semi-socialista. Ora bem, à esquerda as únicas alternativas seriam Bloco de Esquerda e CDU que seriam, provavelmente, uma bela dor de cabeça para o PS no seu governo. E á direita o que há? MEP? MMS? Nada mais, nada menos que o Partido Social-Democrata!

 

Neste preciso momento, e apesar de uma fuga de votos do afamado "Centrão", o infame "Bloco Central" nunca teve tanta força. Num PS que, com Sócrates, tem virado mais à direita do que com qualquer outro líder, a associação política do PS com PSD para assegurar a tal governabilidade (desculpa de estabilidade para que os típicos políticos fiquem no sofá) está cada vez mais próxima. Ainda por cima porque já tinha há alguns anos sido sugerida por Sampaio e agora por Cavaco Silva. De facto, o grande impulsionador deste "Bloco Central" tem sido mesmo o Presidente da República e entre as "boas-relações" com Sócrates e as "relações familiares" com Manuela Ferreira Leite (foi Cavaco que a convidou para participar na secreta cimeira de Bilderberg) este detêm grande poder em apadrinhar este "Bloco".

 

Claro está que, os "chico-espertos" voltarão a aparecer. Antes dos resultados eleitorais ambas as partes rejeitaram peremptoriamente toda e qualquer associação num Bloco Central devido aos comportamentos e posições das outras partes (eu sei que isto já é chico-espertice) mas quero ver agora, com os resultados sabidos e com a pressão de Belém, se José Sócrates verá o seu trono ameaçado e fará uma coligação, ou se Manuela Ferreira Leite cairá na pesada que os Portugueses não gostam dela e ver-se-á forçada a entrar na Associação do Centralão para conseguir um bocadinho do poder do qual ela tanto tem saudades?

 

Não percam o próximo episódio desta montanha-russa de emoção degradante e controvérsia nojenta, que é a política partidária portuguesa dos dias de hoje, porque nós também não!

 

PS: Aqui vai um conselho para José Sócrates e para muitos outros comentadores da blogoesfera: se calhar seria uma boa altura de chamar à baila Manuel Alegre e o seu grupo de descontentes a que apelidou Movimento de Cidadania!

Música: Hybrid - Higher Than A Skyscraper
Mood:: Prestes a vomitar!
Segunda-feira, 8 de Junho de 2009

Europa II: a chaga dos Portugueses (uma análise diferente aos resultados das Eleições Europeias)


 

2) O Efeito Sócrates/Ferreira Leite vs. O Efeito Vital Moreira/Rangel

 

Estas eleições, foram deveras surpreendentes e particularmente interessantes pois, para já a festa é farta pelos lados sociais-democratas, alimentada por uma espera de 11 anos, quando na realidade os seus resultados não são assim tão animadores. No entanto estes 30% são, talvez, os resultados mais intrigantes a que já assisti. Ora então porque?

 

Primeiro, fica a grande dúvida se este resultado foi um efeito duma real (e louvável) concentração de atenções junto dos cabeças de lista às Europeias, e assim devendo-se a uma justa e clara avaliação, pelo menos, dos seus discursos; ou então se terá sido apenas um desabafar político do descontentamento da governação de José Sócrates nos últimos anos.

 

Ou seja, fica por saber se esta vitória do PSD se deve a uma pseudo-brilhante campanha de Rangel acompanhada de uma quantidade propagandista de má qualidade a Vital Moreira ou se, por sua vez, se deve à vingança dos Portugueses por José Sócrates. Apesar de achar que a verdadeira razão é a segunda (pois obviamente o povo português pouco ou nada esteve interessado nestas Europeias e nas suas consequências), resta falar sobre uma grande problemática que são as Legislativas. Se, de verdade, houver muito atrito a José Sócrates (como estes resultados provaram), o que acontecerá nas Legislativas? Será que os Portugueses continuaram a definhar o seu PM quando a alternativa for a mui odiada Manuela Ferreira Leite?

 

Apenas poso dizer que umas eleições que todos estariam à espera que fossem uma “sondagem” para as Legislativas e para as Autárquicas, acabaram por ser um turbilhão de probabilidades para o futuro.

Mood:: Confuso
Música: Yeah Yeah Yeahs

Europa I: a chaga dos Portugueses (uma análise diferente aos resultados das Eleições Europeias)

UE

 

"Surpreendentemente Positivas" e "Surrealmente Negativas" são as únicas expressões que consigo utilizar para descrever estas passadas Eleições Europeias, que culminaram com o início de uma pequena-grande alteração política partidária em Portugal e que se afirmaram como uma verdadeira chaga para muitos dos senhores dessa vida.

 

Antes sequer, de falarmos de resultados temos obviamente de referir os patéticos níveis de abstenção que registamos nestas eleições. Vejo todos os partidos (menos o PS e o MMS) a festejarem com os seus resultados, e pouco ou nada se importando, relegando muitas vezes para notas de rodapés nos seus discursos a fraca participação dos cidadãos europeus (de Portugal). Parece que nem o apelo do Presidente da República, Cavaco Silva, resultou no tirar de rabinhos de compatriotas nossos dos seus sofazinhos para decidirem qual a representação política portuguesa num órgão que, à medida que a Europa navega pelas águas do federalismo, vê o seu grau de importância aproximar-se ao das legislativas. Mas falarei melhor sobre este assunto no meu próximo artigo.

 

Ao invés da normalidade de um artigo, vou lançar os tópicos da minha análise em diferentes posts, aqui indo o pequenino primeiro:

 

1) Duelo do Centralão:

 

Sem dúvida alguma que não houve eleições europeias na história em que mais “facadas e arranhões” se viram entre o PS e o PSD. Choveu uma torrente de ataques e defesas às políticas do Governo de José Sócrates, às posições do PS parlamentar em relação ao Governo, às metodologias de oposição de Manuela Ferreira Leite, das expressões e expressionismos de Vital Moreira e de muitas outras “merdices” (ou seja, discursos derivados de merda, à falta de melhor palavra) que nada tinham a ver ou contribuíam para um discurso saudável sobre a representatividade portuguesa na Europa.

O que resultou daqui foi, obviamente, um desastroso resultado para o “Centralão” tendo tido votos roubados pela panóplia de restantes partidos, que nestes começam a ver uma alternativa à corda-bamba governamental dos últimos 35 anos. Finalmente parece que estamos a assistir o cansaço e descontentamento dos votantes Portugueses da política de mal-dizer e de oposição infundamentada e insustentada destes dois partidos e apenas espero que esta se reflita numa saudável e muito importante mudança nas Autárquicas, em que os lobbies partidários menos força têm na população.


Mood:: Intrigado
Música: Lily Alen - The Fear

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