Segunda-feira, 15 de Junho de 2009

Governabilidade é palavra cara para "chico-espertice"!

 

Acredito que todos aqui já estiveram parados numa auto-estrada cheia de imensas filas e, de repente, à direita e fora da faixa surge o mui lusitano e claramente conhecido "chico-esperto" que ultrapassa tudo e todos para chegar a casa mais rápido para garantir o seu lugar no sofá a ver TV. Ora bem, de facto não é uma grande conclusão, mas já não me lembrava como a política portuguesa está cheia destes senhores "chico-espertos".

 

Porquê?

 

Vimos batalhas e guerras, sangue e suor e gritos de independência (do tipo Ipiranga mas versão política Portuguesa) de todos os eixos e quadrantes políticos possíveis, demarcando-se claramente longe de todas as outras alternativas por serem de má governância e de distante coerência ideológica.

 

Pois não é que, os afamados resultados das senhoras europeias, nos deram o vislumbre de um país descontente com o governo de Sócrates e com algumas possibilidades para Manuela Ferreira Leite, e vemos logo os "chico-espertos" já a ultrapassar pela direita fora da estrada para ter o seu lugarzinho do sofá.

 

Ora bem, Paulo Rangel, líder da bancada parlamentar do PSD e recém-cabeça-de-lista às Europeias tornado Eurodeputado veio já dizer que (como se ele fosse Manuela Ferreira Leite) sem sombras de dúvida, se o PSD necessitar de um parceiro para assegurar a governabilidade então este será o CDS-PP. Muito bem! Agora é só esperar o grito ruidoso e a declaração rasgada, "à lá Europeias", de distanciamento político e de total reprovação de qualquer associação com um dos partidos da corda-bâmba política dos últimos anos e que tanto tem prejudicado a classe média e os pequenos empresários deste país, por parte do CDS-PP.

 

Mas não! Paulo Portas, Diogo Feio e tantos outros (quiçá mesmo um Nuno Melo) continuam impávidos e provavelmente a rezar para que a distância entre partidos nas primeiras sondagens (sondagens que eles tanto odiavam e que agora, curiosamente, terão que adorar e acompanhar) seja pouca para que haja necessidade do revivalismo da velhinha AD, ou então da neo-AD de Barroso.

 

Pior, vemos desde já os tais partidozecos que tanto bradaram por diferenciamento e como sendo alternativos seriamente a pensar nas típicas parcerias com os "grandes". O PPM veio recentemente declarar como positiva a sua intenção de parceria com o PSD, para depois das legislativas (para tentar um "ossinho" ou outro numas câmaras e juntas de freguesias).

 

Mas aquilo que é claramente o ultraje político do mês, é o PS a ver-se às bananas, não com o Jardim e as suas bananas mas com os comentários de Rangel sobre quem é que eles iriam escolher para "seu" parceiro político nas próximas eleições, para que consigam contornar a vontade do povo e assim assegurarem uma governabilidade, ainda que apenas semi-socialista. Ora bem, à esquerda as únicas alternativas seriam Bloco de Esquerda e CDU que seriam, provavelmente, uma bela dor de cabeça para o PS no seu governo. E á direita o que há? MEP? MMS? Nada mais, nada menos que o Partido Social-Democrata!

 

Neste preciso momento, e apesar de uma fuga de votos do afamado "Centrão", o infame "Bloco Central" nunca teve tanta força. Num PS que, com Sócrates, tem virado mais à direita do que com qualquer outro líder, a associação política do PS com PSD para assegurar a tal governabilidade (desculpa de estabilidade para que os típicos políticos fiquem no sofá) está cada vez mais próxima. Ainda por cima porque já tinha há alguns anos sido sugerida por Sampaio e agora por Cavaco Silva. De facto, o grande impulsionador deste "Bloco Central" tem sido mesmo o Presidente da República e entre as "boas-relações" com Sócrates e as "relações familiares" com Manuela Ferreira Leite (foi Cavaco que a convidou para participar na secreta cimeira de Bilderberg) este detêm grande poder em apadrinhar este "Bloco".

 

Claro está que, os "chico-espertos" voltarão a aparecer. Antes dos resultados eleitorais ambas as partes rejeitaram peremptoriamente toda e qualquer associação num Bloco Central devido aos comportamentos e posições das outras partes (eu sei que isto já é chico-espertice) mas quero ver agora, com os resultados sabidos e com a pressão de Belém, se José Sócrates verá o seu trono ameaçado e fará uma coligação, ou se Manuela Ferreira Leite cairá na pesada que os Portugueses não gostam dela e ver-se-á forçada a entrar na Associação do Centralão para conseguir um bocadinho do poder do qual ela tanto tem saudades?

 

Não percam o próximo episódio desta montanha-russa de emoção degradante e controvérsia nojenta, que é a política partidária portuguesa dos dias de hoje, porque nós também não!

 

PS: Aqui vai um conselho para José Sócrates e para muitos outros comentadores da blogoesfera: se calhar seria uma boa altura de chamar à baila Manuel Alegre e o seu grupo de descontentes a que apelidou Movimento de Cidadania!

Música: Hybrid - Higher Than A Skyscraper
Mood:: Prestes a vomitar!
Segunda-feira, 8 de Junho de 2009

Europa II: a chaga dos Portugueses (uma análise diferente aos resultados das Eleições Europeias)


 

2) O Efeito Sócrates/Ferreira Leite vs. O Efeito Vital Moreira/Rangel

 

Estas eleições, foram deveras surpreendentes e particularmente interessantes pois, para já a festa é farta pelos lados sociais-democratas, alimentada por uma espera de 11 anos, quando na realidade os seus resultados não são assim tão animadores. No entanto estes 30% são, talvez, os resultados mais intrigantes a que já assisti. Ora então porque?

 

Primeiro, fica a grande dúvida se este resultado foi um efeito duma real (e louvável) concentração de atenções junto dos cabeças de lista às Europeias, e assim devendo-se a uma justa e clara avaliação, pelo menos, dos seus discursos; ou então se terá sido apenas um desabafar político do descontentamento da governação de José Sócrates nos últimos anos.

 

Ou seja, fica por saber se esta vitória do PSD se deve a uma pseudo-brilhante campanha de Rangel acompanhada de uma quantidade propagandista de má qualidade a Vital Moreira ou se, por sua vez, se deve à vingança dos Portugueses por José Sócrates. Apesar de achar que a verdadeira razão é a segunda (pois obviamente o povo português pouco ou nada esteve interessado nestas Europeias e nas suas consequências), resta falar sobre uma grande problemática que são as Legislativas. Se, de verdade, houver muito atrito a José Sócrates (como estes resultados provaram), o que acontecerá nas Legislativas? Será que os Portugueses continuaram a definhar o seu PM quando a alternativa for a mui odiada Manuela Ferreira Leite?

 

Apenas poso dizer que umas eleições que todos estariam à espera que fossem uma “sondagem” para as Legislativas e para as Autárquicas, acabaram por ser um turbilhão de probabilidades para o futuro.

Música: Yeah Yeah Yeahs
Mood:: Confuso

Europa I: a chaga dos Portugueses (uma análise diferente aos resultados das Eleições Europeias)

UE

 

"Surpreendentemente Positivas" e "Surrealmente Negativas" são as únicas expressões que consigo utilizar para descrever estas passadas Eleições Europeias, que culminaram com o início de uma pequena-grande alteração política partidária em Portugal e que se afirmaram como uma verdadeira chaga para muitos dos senhores dessa vida.

 

Antes sequer, de falarmos de resultados temos obviamente de referir os patéticos níveis de abstenção que registamos nestas eleições. Vejo todos os partidos (menos o PS e o MMS) a festejarem com os seus resultados, e pouco ou nada se importando, relegando muitas vezes para notas de rodapés nos seus discursos a fraca participação dos cidadãos europeus (de Portugal). Parece que nem o apelo do Presidente da República, Cavaco Silva, resultou no tirar de rabinhos de compatriotas nossos dos seus sofazinhos para decidirem qual a representação política portuguesa num órgão que, à medida que a Europa navega pelas águas do federalismo, vê o seu grau de importância aproximar-se ao das legislativas. Mas falarei melhor sobre este assunto no meu próximo artigo.

 

Ao invés da normalidade de um artigo, vou lançar os tópicos da minha análise em diferentes posts, aqui indo o pequenino primeiro:

 

1) Duelo do Centralão:

 

Sem dúvida alguma que não houve eleições europeias na história em que mais “facadas e arranhões” se viram entre o PS e o PSD. Choveu uma torrente de ataques e defesas às políticas do Governo de José Sócrates, às posições do PS parlamentar em relação ao Governo, às metodologias de oposição de Manuela Ferreira Leite, das expressões e expressionismos de Vital Moreira e de muitas outras “merdices” (ou seja, discursos derivados de merda, à falta de melhor palavra) que nada tinham a ver ou contribuíam para um discurso saudável sobre a representatividade portuguesa na Europa.

O que resultou daqui foi, obviamente, um desastroso resultado para o “Centralão” tendo tido votos roubados pela panóplia de restantes partidos, que nestes começam a ver uma alternativa à corda-bamba governamental dos últimos 35 anos. Finalmente parece que estamos a assistir o cansaço e descontentamento dos votantes Portugueses da política de mal-dizer e de oposição infundamentada e insustentada destes dois partidos e apenas espero que esta se reflita numa saudável e muito importante mudança nas Autárquicas, em que os lobbies partidários menos força têm na população.


Mood:: Intrigado
Música: Lily Alen - The Fear

.Autores

.Pesquisar Neste Blog

 

.Outubro 2009

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

.Ultimas

. Governabilidade é palavra...

. Europa II: a chaga dos Po...

. Europa I: a chaga dos Por...

.Arquivos

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2007

. Março 2007

. Abril 2006

.Tags

. todas as tags

.Links

.Fotos

.Participar

. Participe Neste Blog

blogs SAPO

.subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub