Segunda-feira, 28 de Setembro de 2009

Eu e as Legislativas’09: A chama do PNR continua acesa e a queimar algumas bases eleitorais

Legislativas 09 

O Partido Nacional Renovador venceu. E venceu não devido aos seus resultados percentuais (nem pelo número de deputados, obviamente) mas porque conseguiu fazer aquilo que em 2005 teria sido impossível: mudar a imagem de um partido da extrema-extrema-direita violenta, cheio de supostos neo-nazis, skinheads e fascistas, para um partido mais conservador, familiar e “politicamente correcto”, sem nunca abandonar as suas ligações com movimentos mais extremistas.

 

Se há partido que conseguiu reunir uma sólida base eleitoral e, potencialmente, sem que a perca numas próximas eleições, foi o PNR, pois este transformou-se numa ponte entre uma realidade que muitos Portugueses achavam exagerada, mas que lá no fundo até nutriam algum tipo de compreensão sobre as ideias e ideias dessa luta nacionalista.

 PNR

Esquecendo casos que, no passado, envergonharam o PNR, e pondo para trás qualquer discurso ao combate à imigração da forma mais dura possível, este decorou os seus discursos e campanhas com as suas velhas bandeiras mais populares: a protecção dos valores da família e os direitos exagerados dados aos criminosos em paralelo com uma restrição de direitos às forças de segurança.

 

O PNR está a amadurecer e, com isso, a perceber de que o voto extremista apesar de ser ainda grande, tem como base uma ideologia volátil, e está a apelar ao seu lado mais tradicionalista, tomando algumas das bases do ala autoritária do PP (conseguia-se ver algumas sobreposições de temas e ideias) e a roubar votos tanto aos democratas cristãos como a alguns PPDs claramente descontentes.

Estranho é, nem o PNR conseguir perceber a vitória. Pinto Coelho, pelos vistos não notou que a descida de 0,37 (Europeias) para 0,21% (Legislativas) não é assim tão grande considerando, as restantes dos partidos pequenos e aínda a situação, por ele referida, do "voto útil no CDS-PP".

 

 

Música: The Mars Votla - The Bible and the Breathalizer
Mood:: confuso com o PNR
Segunda-feira, 8 de Junho de 2009

Europa V: a chaga dos Portugueses (uma análise diferente aos resultados das Eleições Europeias)


5) Bloco Movimentalista

 

Muito tenho eu falado sobre os neo-pequenos partidos da política recente que deram azo a que o boletim de voto fosse uma folha com 13 alternativas partidárias. Na verdade, já aqui os louvei dando-lhes o mérito de muitos se concentrarem realmente na discussão Europeia enquanto os restantes maioritariamente não se interessavam. E após ver os resultados destes, bem como os parcos resultados de Brancos e Nulos, apenas posso dizer que os mais de 5% de votos que conseguiram ainda são representativos de uma tendência de voto na alternativa. De louvar o resultado do MEP com 1,5%, depois de uma agressiva campanha de alta propaganda tal qual CDU.

 

Mas falo aqui destes partidos pois vi, recentemente, um comentário a um artigo do Público que referia algo que até hoje nunca tinha ouvido: O Bloco Movimentalista – a união entre os neo-pequenos partidos apelidados de Movimentos como o MEP, MPT e MMS (e quem sabe outros que também queiram jogar à bola).

 

Ora pensar que uma nova ordem política crítica de agregação ideológica poderia nascer tendo uma representação automática de 2% a 5% (dependendo dos critérios de inclusão) é sem dúvida um cenário de grande mudança, sendo que o mesmo aconteceu com o Bloco de Esquerda há 10 anos atrás.

 

No entanto, toda esta esperança esfuma-se na divisão ideológica destes pequenos partidos. Não conseguiria ver uma união entre os liberais ambientalistas do MPT e os neo-liberais democratas do MMS. O único que tem uma vantagem (e também uma desvantagem) é o MEP, que devido ao seu discurso de ideologia incerta e não muito clara, se situa numa linha ténue entre uma imagem de PS com pensamentos de PSD, possibilitando por exemplo uma associação ao MMS (mais provável) ou ao MPT (menos provável, devido à história deste movimento). Por sua vez, uma união entre POUS e PCTP-MRPP é impossível devido às suas contínuas diferenças ideológicas nas suas seitas marxistas-leninistas, e uma união entre o MMS e o PNR é igualmente muito distante devido à vertente de organização económica de forma corporativista do primeiro vs. a organização económica social-cooperativista do segundo (derivado das suas inspirações nazis).

 

A única união que veria provável, para além do MEP e MMS, seria a do PH e do MPT (e quem sabe possivelmente destes dois no Bloco de Esquerda) devido às não contradições entre eles e uma relativa correlação ideológica. Apesar da primeira alternativa ser desastrosa, pois apenas iria resultar numa menor alternativa (visto que ambos os partidos têm potencial para crescer e tiveram bons resultados dentros dos pequenos partidos), a segunda iria fomentar um crescimento agressivo de uma esquerda já bem representada no Bloco de Esquerda, deixando-o mais concentrado em ganhar eleitorado ao PS e crescer como partido de alternativa ao poder/governo/centrão.

 

Mood:: Expectante
Música: outra vez Lily Alen - The Fear (culpem a rádio e o pandora)

Europa III: a chaga dos Portugueses (uma análise diferente aos resultados das Eleições Europeias)


3) O Verdadeiro Vencedor das Europeias (que acabou no mesmo lugar que este tópico)

 

Apesar de dar os meus parabéns ao PPD/PSD, acho que este não foi o verdadeiro vencedore das Europeias. De facto houve um partido que, consistentemente e continuamente, sem lobbies sectários e com grande actividade seja política (a nível parlamentar) como cívica, ultrapassou uma grande barreira psicológica – a barreira dos dois dígitos, tornou-se na terceira força política, percentualmente, em Portugal e, está à espera da possibilidade de afirmar esta posição terceira a nível de eurodeputados – sem dúvida que o Bloco de Esquerda está a dar que falar.

 

Este pequeno partido (que nas suas primeiras eleições da história, também Europeias, teve pouco mais pouco menos aquilo que o MEP registou nestas eleições) está agora com níveis de representatividade na ordem dos 10% e está, progressivamente, a ver o seu estereótipo de partido crítico e inconformado de esquerdistas e neo-comunistas barbudos mudar para aquilo que este partido sempre foi (e a razão de ser um case-study político na Europa) – a esquerda moderna europeia de cidadãos informados e de variadas ideologias como uma neo-alternativa contra a corrupção e os poderes negativamente concentrados.

 

O Bloco tem vindo, desde a sua nascença politicamente conturbada a caminhar uma estrada com muitos adversários, desde a Direita (o ódio do CDS-PP e PNR) passando pelo Centralão (o ardor de calcanhares mordidos) até aos Comunistas, que sempre encararam o Bloco como o seu carrasco na sua morte lenta e dolorosa, mas apesar de todas as adversidades Miguel Portas, Marisa Matias conseguiram a sua grande campanha e eleição ao Parlamento Europeu (resta agora saber se os votantes do estrangeiro também querem permitir a eleição de Rui Tavares).

 

Resta agora saber se, os mui conhecidos debates internos sobre a sua posição relativamente ao poder poderão resultar numa grande formação de Partido Alternativa que um dia possa chegar a tirar o poder aos senhores da guerra de sempre. Eu acredito que sim!

Música: Oasis - Wonderwall
Mood:: Esperançado
Quarta-feira, 27 de Maio de 2009

Small is Better!

Queridos Leitores

Hoje apresento-vos um tema que iniciei levemente no meu último post: os neo-pequenos partidos.

Eu sou do tempo em que o os a premissa "Small is Better" não era utilizada para descrever as mil e umas seitas marxistas e maoístas da esquerda, nem os neo-ditatoriais "quasi quasi" fascistas da direita. De facto, a expressão, que ganhou popularidade nos Estados Unidos com o aparecimento de partidos como o Partido Liberal e o crescimento da popularidade de Ralph Nader do Partido D'Os Verdes, não foi sequer mencionada em Portugal até à agregação das (então) 3 facções neo-esquerdistas que se tornaram no Bloco de Esquerda.

No entanto, esta expressão nesta campanha eleitoral para as Europeias, está a ganhar outra dimensão. É com muito agrado meu, que vejo a política portuguesa a amadurecer, dando lugar à existência de alternativas partidárias aos partidos detentores de lugares no parlamento. Quando o Bloco de Esquerda apareceu, saudei a sua existência por se ter criado uma alternativa às correntes enferrujadas da política partidária de Portugal, pelo que da mesma maneira, quando novos partidos (com viabilidade ideológica) se formam no "quente" de um período eleitoral como este, tenho de e é com prazer que os saúdo na sua criação.

Vejamos então do que falo: no passado ano de 2008 vi um grupo de amigos empunharem a mão no conhecido símbolo político "V" do PSD, no entanto, estes entoavam MEP e não os normais gritos partidários da Social-Democracia. Tinha sido iniciado o comício inaugural do movimento que se tornaria conhecido como Movimento Esperança Portugal. Afirmando-se como políticos de verdade, diferentes da escória resultante de anos de maquinação partidária em Portugal, falavam de "alternativa" e "futuro" como se fossem palavras novas no dicionário político da época. Este entusiasmo era tão vibrante que quase fugia aos seus normais diálogos ideológicos da Social-Democracia. E hoje vemos, o "futuro" desse "movimento" - Laurinda Alves afirma-se na propaganda partidária das Europeias como um forte concorrente à vencedora de maior número de flyers em pára-brisas de carros estacionados.

No meio desta azáfama toda, notei também, num pequeno símbolo do infinito esquecido. Depois de pensar que era uma seita conspiracional contra o governo mundial descobri que se tratava do meu velho amigo Partido Humanista. Estes, com a sua posição sempre lutadora e pacificamente irreverente, fizeram furor quando o seu cabeça de lista às Europeias teve de ser substituído pelo número dois, por exercer o cargo de magistrado num Jurado da Paz no Porto, o que "supostamente" incompatibilizada a sua candidatura eleitoral. Apesar de todas as adversidades, o movimento que se afirma como partido (ou vice-versa) continua a declarar poesia poética pelas ruas de Portugal, encantando os mais sonhadores.

E é, então que, encantado por toda esta declamação política, vejo um Sr. fatinho que gosta de às vezes tirar a sua gravata nuns outdoors a afirmar uma onda de "mudança". Informei-me e descobri que não era, nada mais nada menos, que o Sr. Carlos Gomes do mui nobre e conservador Movimento Mérito e Solidariedade. Qual não é a minha surpresa quando descubro, uns tempos depois, que os famosos outdoors da avestruz com a cabeça enfiada na areia a simbolizar a abstenção eram também dos senhores do MMS. Deveriam estes estar a pensar, tal como PS (e ao contrário do PSD e do CDS-PP) que o truque para ganhar as eleições não passava por libertar cartazes com grandes close-ups às caras dos candidatos, e que portanto o (distante) povo se iria identificar com uma avestruz que não tinha opinião.

Mas dentro de todas estas neo-correntes, é sempre preciso alguma experiência e antiguidade. E fiquei muito...qualquer coisa, por ler a míticas frase "Contra o Capital e Por uma Europa dos Povos!" ser expelida pelas cordas vocais do "camarada" Orlando Alves, cabeça de lista do "grande" PCTP-MRPP, um partido que ainda hoje luta contra a sua ilegalidade. E lá foi ele, desde a Auto-Europa até ao querido calor do Alentejo para que as suas explicações maoístas, sejam confundidas com as declarações comunistas do PCP.

Cansado de toda esta algazarra partidária, dei-me de caras com uma ondulante e orgulhosa bandeira do Partido Popular Monárquico, que de entre fado e Lusíadas, ouvia falar da verdadeira Independência de Portugal e da posição (supostamente) anti-federalista que os monárquicos deveriam ter. Interessantemente surpreso por ver o seu cabeça de lista dizer que o herdeiro de Portugal não era o Duque de Bragança, fiquei nostálgico ao ver a galeria do site do PPM que mais pareciam as ilustrações dos meus livros de história do secundário.

E não é com surpresa total que vejo umas ovelhinha pretinhas nuns cartazes de Lisboa que muito assustadas corriam para fora do cartaz. Pensei que seria uma debandada de ovelhas do PSR mas fiquei espantado por ver uma ovelhinha branca com o símbolo do Partido Nacional Renovador a dar-lhes um "belo coice" xenófobo, ou deverei dizer nacionalista? O novo cartaz do PNR de controverso tem pouco e de directo tem muito, mas tenho de lhes tirar o chapéu pois a sua máquina propagandista sempre foi fantástica, apesar de alguns dos seus simpatizantes terem sido recentemente julgados por crimes pesados.

E finalmente, para deixar esta discussão com muita sorte, falo eu aqui do trevo verdinho do MPT, esse partido extremamente estranho por nem serem uns blue-dog democrats nem uns liberalistas de centro. Se o especulado bloco central tivesse um filho rebelde seria o MPT, nunca saído das suas raizes centrístas mas de vez em quando até usa umas túnicas para parecer de esquerda.

Pois bem, apesar do eu tom mais alegre enquanto falava de todos estes partidos, tenho simplesmente de lhes tirar o chapéu, pois estes SIM (mais BE e PSD) são os únicos partidos que sequer mencionaram qualquer discussão política europeia nesta farsa campanha que nada mais é que um road-to-legislativas!


Bússula Política

 

PS: Para aqueles que não conhecem, fica aqui uma boa bússula política, cortesia do MEP.

Mood:: Pequeno comos os neo-partidos
Música: The Pixies - Monkeu Gone to Heaven

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