Terça-feira, 23 de Junho de 2009

Chegamos ao inevitável: Esquerda com "E" grande!

Francisco Louçã e Manuel Alegre

 

Hoje fiquei muito contente por ter visto mais uma prova de como a política é um jogo, que apesar de ter uma tendência a longo prazo, é completamente cíclica a curto e médio prazo, quando ouvi Francisco Louça apoiar uma futura candidatura presidencial de Manuel Alegre.

 

Depois da esquerda centrista europeia ter conseguido conquistar (e nalguns casos, quase ter conquistado) um surpreendente número de líderes estatais desde há uns 6 anos para cá (vejamos só Sócrates, Zapatero, uma pseudo-Merckel e uma quase Ségolene) eis que se veio confirmar a derrota da esquerda europeia nestas últimas eleições, como era necessário para confirmar o ciclo.

 

Portugal, atrasado como sempre, apesar de ter tido um partido de direita vitorioso (o PPD-PSD), a direita como um todo sofreu uma fortíssima derrota, com o aparecimento de uma grande massa crítica de votos à esquerda do PS e, se considerarmos o PS de esquerda como consideramos o PPD-PSD de direita, então o número de deputados e votos da primeira, largamente supe­rou os da direita.

 

Ora isto só ajuda a alimentar as esperanças de que, o ciclo irá fazer girar a faca e o queijo para a esquerda. Mas quando? E confirmações?

 

Ainda não sabemos se as Legislativas e as Autárquicas serão no mesmo dia, no entanto, sabemos que apesar do PSD ter uma vantagem nas autárquicas, ambos os resultados estão muitíssimo renhidos e a ser activamente disputados pelos partidos do Centrão.

 

Assumindo hipoteticamente que as eleições são no mesmo dia, é claro que as Legislativas irão impor a sua influência e ordem de importância sobre as Autárquicas e haverá um efeito de propagação dos resultados das primeiras sobre as segundas, sendo que é bem provável que o vencedor de uma seja o vencedor das duas. Neste cenário, o Centrão iria ganhar votos nas autárquicas devido às pressões partidárias e a uma outra multiplicidade de efeitos derivados das legislativas.

 

Assumindo hipoteticamente que as eleições são em dias diferentes, os efeitos são completamente diferentes. Como falei num artigo recente, o factor governabilidade junto do eleitorado do PS, bem como o factor animosidade contra Manuela Ferreira Leite irão ajudar José Sócrates a conquistar uma leve vitória (lembrem-se, hipoteticamente) e permitem o PSD jogar todas as suas cartadas para assegurar uma grande vantagem nos municípios portugueses.

 

E os restantes partidos, que é feito deles? Ou muito me engano, ou a “porrada publicitária” entre os dois partidos vai ser tão grande que os restantes partidos irão ficar, injustamente atirados para o segundo plano e, conjuntamente com o favorecimento que a abstenção normalmente dá a estes, irão manter ou perder as suas quotas de votos.

 

No entanto, Francisco Louça veio fazer aquilo que, na minha humilde opinião já deveria ter sido feito há 4 anos atrás e que, se calhar nessa altura, teria proporcionado um crescimento muito maior e, ainda perfeitamente sustentado, do seu Bloco de Esquerda.

Francisco Louça veio, publicamente apaziguar esses milhentos indecisos no seu liberalismo social que nem uma árvore dançante ao vento, que nas últimas presidenciais fugiram às estúpidas máquinas partidárias e votaram de acordo com a sua própria opinião.

Francisco Louça veio, recentemente, afirmar a sua opinião de apoio a uma eventual candidatura presidencial de Manuel Alegre.

 

Ora bem, este facto para mim só tem 3 conclusões simples:

 

- Depois de uma governação pateticamente apagada por parte de Cavaco Silva, em que mais que fantoche do Governo este foi um elo de ligação com a oposição, a população pouco ou nada sabe da sua governação e como tal, continuará a votar nele com a mesma mística de mistério com a qual votou nos seus programas dúbios e não-esclarecedores na sua candidatura inicial. Tanto mais ainda que este é provavelmente o único ponto em que a Direita, desunida e de costas voltadas, ainda concorda. Depois de Manuela Ferreira Leite “ponderar” governar sem coligações (de forma um pouco gananciosa ou verdadeira, tirando assim uma boa capacidade de ganhar as eleições) Paulo Portas pondera como exercer a sua influência junto do PSD numas eleições que não as Autárquicas.

 

- O Partido Socialista, não o fez nas últimas eleições, nem nunca o fará enquanto Manuel Alegre continuar a ser o inconformado que nem pelo seu próprio partido pode ser calado. O PS não o apoiará na sua candidatura e este irá que trazer a sua maior arma para que uma candidatura falhada não seja o princípio do fim para essa “esquerda do cansaço”. Ora bem, sendo que o panorama na altura era “relativamente” parecido e assumindo que o Mário Soares é o mais mediático e lendário político que o PS alguma vez teve e terá, eu acredito que este tenha sido a sua grande arma. Portanto, a não ser que estes tragam um Mário Soares 30 anos mais novo e com mais 30% dos votos ao brandar gritos anti-sócrates, duvido que o PS tenha alguma hipótese em ganhar as presidenciais, pelo que a única restante alternativa do PS será trazer do reino dos mortos (ou seja, a ONU) o Santo António Guterres, padroeiro da memória curta dos portugueses (esperem aí, não foi ele que já apareceu nuns cartazes do PS já nestas eleições? Será isso um sinal?)

 

- Finalmente, o ponto mais entusiasmante derivado desta notícia é sem dúvida o facto de finalmente vermos a Esquerda, com “E” grande, unida como já não se via desde a 4ª internacional! Fraccionada entre milhentas mini-seitas marxistas / leninistas / trotskistas / maoistas / socialistas, esta tem sempre sofrido pela divisão entre as suas raízes e uma aproximação do PS para uma governabilidade de “mal menor”. No entanto, finalmente, hoje conseguimos ver uma grande ameaça de uma esquerda reforçada pelos últimos resultados políticos e inspirados pelas declarações de Francisco Louça.

 

Depois de anos de namoriscos de corredor, piscares de olhos de assembleias e flirts de municípios, o Bloco finalmente assumiu algo que apenas se pode concretizar como um namoro de intenções sérias com a facção, ainda muito grande, divisória do PS liderada por Manuela Alegre (que conta com um ainda activo Movimento pela Cidadania).

 

Depois dos separatistas comunistas há algum tempo atrás, parece que o gosto por divorciados, do Bloco de Esquerda, está outra vez activo e vai fazer tremer a Direita e aquilo que restará do PS nas presidenciais.

 

Será que temos um poeta como presidente? Só falta Manuel Alegre aceitar a corte do Bloco.

Música: The Cure - 39
Mood:: Entusiasmadamente Sonhador
Sexta-feira, 5 de Junho de 2009

Barroso, o "Europeu Durão"

Durão Barroso

 

Faltando apenas 2 dias para as "Europeias", que de Europa nada têm pelos vistos, eis que me concentro num tópico deveras Europeu. Depois de ter sido nomeado personalidade do ano em 2004, proposto para um prémio Nobel da Paz e recebido um Doutoramento Honoris Causa, eis que o "nosso" Presidente da Comissão Europeia recebe o prémio de Personalidade Europeia de Excelência 2009.

 

Antes de ir mais fundo devo, desde já congratular todos os Portugueses por termos um compatriota a receber tão elevadas distinções a nivel internacional.

 

Mas agora permitam-me deambular mentalmente sobre este prémio. Ora então, no ano em que se começou a falar da possível re-eleição de Durão Barroso, no seu alto cargo Europeu, é que esta distinção aparece e faz, como se pode ver na figura, Durão Barroso "bater as palminhas à Europa"? Não quero de modo algum questionar esta alta recomendação, mas é intrigante ver como um homem apelidado pela imprensa Francesa de "melhor amigo dos Eurofóbicos" e que se tem alinhado prepétuamente com os seus lacaios alemães (tendo até recebio a alta condecuração Die Quadriga, do seu governo, por dedicação à Alemanha) recebe este "prémio" precisamente num Estado-Membro que pouca amizade deu ao seu trabalho: Espanha.

 

Não é no entanto, de estranhar uma toda pressão política de certas facções Europeias a uma re-candidatura: desde a mais pequenina Ferreira Leite a referir um apoio "socialista" a Durão Barroso (ou não fosse esse apoio representado pela bela fotografia do abraço de José Sócrates ao seu antigo arqui-inimigo - como a política é bonita!), até às mais fiáveis sondagens eleitorais que referem que cerca de 73% dos Portugueses querem uma re-eleição de Durão Barroso (ou não soubessem os 50% que responderam o que ele está por lá a fazer). Mas o que é que Portugal move na Europa, senão apenas uns títulos de fraudes bancárias de vez em quando? De facto, a primeira palavra sobre a eleição do novo (mandato do) Presidente da Comissão Europeia foi já direccionando uma rápida e segura re-eleição de Durão, o homem que tem (por acaso) sido um "toughie" na política Europeia.

 

Lembro-me quando este abandonou o nosso belíssimo país de praias e burlões ao mar plantados, que alguns comentadores políticos (que na altura me pareciam ter as suas orientações ideológicas um pouco para o Barrosismo) disseram que este sempre foi visto como um mestre da Política Internacional e que, como teria sido mais que provado, não tinha jeitinho nenhum para a política doméstica.

 

Fica então só aqui, o meu "contentamento" em ver que o ex-maoista Portuguêsestá a fazer um trabalho que agrada às hordes do poderio Europeu e que apesar de tudo, até tem feito um trabalho que não me choca muito como Cidadão Europeu.

 

 

PS (Post Scriptum e mais nada): O post surgiu só da fantástica foto que a RTP divulgou recentemente! Obrigado serviço público de informação!

Mood:: A ver a foto do Durão!
Música: Propellerheads - On Her Majesty's Secret Service

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