Segunda-feira, 14 de Setembro de 2009
Há uma palavra que deixa José Sócrates muito irritado. É a VERDADE. Já tinha percebido há muito tempo que ele e a verdade andavam de costas voltadas, mas não lhe conhecia tamanho ódio. A verdade é que José Sócrates pouca verdade diz da boca para fora, ou não é verdade? É verdade sim, senhores.
Obviamente não vou falar das promessas eleitorais feitas em 2005 e que ele não cumpriu; obviamente não vou falar do caso da sua licenciatura que ele nunca soube – nem quis! – explicar; nem tão-pouco falarei do caso “freeport” que tanto o irrita, porque não passa de uma campanha negra, mas à qual ele também não é capaz de se esquivar.
A verdade que José Sócrates se recusa a admitir é, na verdade, a seriedade da oposição. Em boa verdade, seria seriedade a mais para a ferrugenta furgoneta do senhor primeiro-ministro. Para alguém tão pouco habituado a dizer verdades seria um exercício de extrema complexidade. O senhor-verdade… Perdão. O senhor primeiro-ministro andou este tempo todo a acusar a oposição – toda a oposição – de ser pouco séria nas suas criticas e nas suas propostas para o país. Agora, por variadíssimas vezes, tem vindo criticar o PPD/PSD por se assumir como um partido de verdade. Aquilo que me faz confusão, pessoalmente, é a falta de verdade que o sujeito demonstra ao criticar o PPD/PSD por ser verdadeiro. Porque na verdade o que o senhor José Sócrates quer criticar é a incisão cotovelar que a imagem que a dra. Manuela Ferreira Leite pode vender lhe provoca.
É que ao contrário de José Sócrates, Manuela Ferreira Leite foi a melhor aluna do seu curso, foi a melhor aluna do ano em que terminou a licenciatura, acabou-a com média de 16 valores, exerceu docência, foi economista do Banco de Portugal, Secretária de Estado, Ministra e foi sempre, sempre, sempre – sempre! – conhecida por competência e seriedade. Não se lhe aponta um escândalo, um episódio. Esta é a verdade que incomoda José Sócrates. Na verdade não suporta que alguém seja verdadeiramente verdadeiro, porque ao sê-lo estariam a ter mais VERDADE que ele mesmo. E na verdade José Sócrates não suportaria tal coisa. Não é verdade?
Post scriptum: usei 23 vezes a palavra verdade e palavras derivadas propositadamente.
Terça-feira, 1 de Setembro de 2009
Apaixonei-me por uma nova frase: «Aqueles que andam sempre com a verdade na boca, são os primeiros a escorregar na esquina». Quem disse isto foi nosso «Primeiro», o José Sócrates, ele mesmo. Só não percebi muito bem o quê que, no meio deste recado ao PSD, ele quis dizer com isto.
Andará José Sócrates a cambalear de esquina em esquina, ou andará ele alheio à verdade?
No mais, José Sócrates parece ter um pavor do caraças à verdade, diz ele assim: «Uma das críticas que eu faço ao PSD é o facto de se apresentar nas eleições apenas com um discurso e uma palavra - verdade. Isto tem um sério problema porque é absolutamente inadequado na política».
Oh pá, eu juro que foi isto que ele disse. É que foi mesmo o que eu ouvi. E de certeza que amanhã todos os jornais, nos excertos da entrevista, falarão disto.
Alto e pára o baile! Vamos juntar aqui duas premissas depois de um pequeno parênteses. Pequeno parênteses. Eu sei que já estamos em Setembro, e o tom jocoso dos meus artigos já começam a maçar, mas pensemos que ainda estamos de féria e deixem-me só brincar aos brincalhões um poucochinho mais. Vá lá! Sim? Está bem, prometo ser breve. Fim do pequeno parênteses.
Primeira premissa: «Quem anda sempre de verdade na boca escorrega nas esquinas»;
Segunda premissa: «Apresentar-se a eleições apenas com verdade é um sério problema, porque é absolutamente inadequado na política».
Ora pensemos. Eu penso que se Sócrates andasse muito a pé fartava-se de escorregar nas esquinas. E chego a esta conclusão sem sequer ter em conta a primeira premissa. É que razão suficiente para cambalear pelas esquinas é «aquilo» que terá estado na origem da afirmação patente na segunda premissa. O álcool faz dizer disparates, não faz?
Acho que vou deixar o Rum.